No ciclo da existência tudo muda. Nada do que julgamos ser real é permanente. Até o granito mais duro será reduzido a pó. Assim é o ciclo natural da matéria e o mesmo se passa com o ser humano em relação à sua parte mais densa.
Para alguns do pó ao pó, para outros da luz à luz.
Contudo todos, sem excepção, procuramos o sentido da nossa permanência neste mundo denso de mistérios, paixões e misérias.
Com o limitado nível de percepção dado pelos nossos sentidos temos acesso a algumas “realidades”, mas temos também a tendência para recusar as hipóteses não verificáveis por eles.
A nossa noção de realidade está assim deturpada, porque se baseia apenas nas respostas dadas pela complexa química do nosso corpo.
Contudo as percepções da nossa consciência não podem ser apreendidas por métodos semelhantes aos que examinam os fenómenos exteriores.
Por essa razão as várias Tradições apontam a via directa para o alargar do conhecimento do Eu, superando as ilusões que nos rodeiam.
As várias formas de misticismo têm porfim último o despertar para a realidade total, ultrapassando os ciclos temporais.

António Mira  (In “O Dilema dos Sete Círculos”)

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